Como a psicologia afeta as decisões financeiras
Compreender as decisões vai além de conhecer os princípios económicos; também envolve compreender o comportamento humano. A psicologia desempenha um papel na formação das escolhas feitas por indivíduos e organizações. As emoções, o bem-estar mental e as experiências pessoais influenciam a forma como as pessoas percebem o dinheiro e avaliam os riscos, por vezes divergentes dos quadros das teorias económicas.
A tomada de decisões financeiras é afetada por elementos como preconceitos cognitivos, emoções e pressões sociais. Estes factores podem resultar em decisões que podem parecer irracionais quando vistas puramente de um ponto de vista, mas alinhadas com os princípios das finanças. À medida que os estudiosos se aprofundam na fusão entre psicologia e finanças, descobrem razões por trás das escolhas dos investidores que, em retrospectiva, podem parecer intrigantes ou prejudiciais ao seu bem-estar.
As finanças comportamentais, situadas na intersecção da psicologia e da economia, investigam as motivações que impulsionam os comportamentos. Explora como os indivíduos e as comunidades constroem as suas narrativas e os processos de pensamento que fundamentam as suas decisões. As descobertas deste campo podem ajudar a desvendar os mecanismos que influenciam as decisões das pessoas, levando a processos de tomada de decisão mais criteriosos.
Os fundamentos psicológicos da tomada de decisões financeiras
A dinâmica entre a psicologia e o comportamento financeiro é bastante complexa, onde os preconceitos cognitivos e as respostas emocionais desempenham um papel na influência das decisões económicas dos indivíduos. Vieses cognitivos, como viés de confirmação e excesso de confiança, podem levar a escolhas de investimentos e outros empreendimentos financeiros. Por exemplo, os investidores podem ignorar informações que vão contra as suas crenças, fazendo com que se agarrem à perda de investimentos durante muito tempo ou façam apostas arriscadas. Esses preconceitos podem obscurecer o julgamento e a tomada de decisões, muitas vezes resultando em resultados inferiores aos ideais.
As emoções também têm impacto na moldagem do comportamento. Sentimentos de medo e ganância podem orientar as ações do mercado, levando os investidores a comprar na alta e vender na baixa ou a assumir riscos, pela promessa de retornos. O estresse e a ansiedade podem orientar as decisões entre os indivíduos, enquanto a autoconfiança excessiva pode levar à tomada de riscos. Ao compreender estes aspectos e como eles influenciam o comportamento, os indivíduos podem esforçar-se por práticas de tomada de decisão mais lógicas e disciplinadas, melhorando, em última análise, a sua estabilidade financeira.
Noções básicas de economia comportamental
A Economia Comportamental questiona a teoria que assume que as pessoas sempre agem racionalmente para maximizar a sua utilidade. Em vez disso, sugere que as decisões humanas são frequentemente influenciadas por preconceitos e atalhos mentais que levam a escolhas que podem não estar alinhadas com os seus resultados. Por exemplo, de acordo com a teoria da perspectiva, os indivíduos exibem reações variadas a ganhos e perdas, normalmente atribuindo peso à dor da perda em comparação com a alegria de um ganho.
Vieses cognitivos e dinheiro
Muitas vezes as pessoas fazem escolhas influenciadas por preconceitos, que se referem a desvios consistentes da norma ou do pensamento racional na tomada de decisões. Um preconceito predominante é a tendência dos indivíduos serem excessivamente confiantes, superestimando os seus conhecimentos ou competências, especialmente quando se trata de investimentos. Outro preconceito comum é a ancoragem, em que as pessoas confiam nas informações que encontram (referidas como “âncora”) ao tomar decisões.
Regulação Emocional e Finanças
Os sentimentos têm um impacto na forma como as pessoas administram seu dinheiro. A heurística do afeto mostra que os indivíduos tendem a decidir com base nas emoções do que na lógica. Por exemplo, se um investimento passado resultou em perdas, o medo pode influenciar fortemente as escolhas relativas aos investimentos. Ser capaz de controlar as emoções é fundamental para fazer escolhas financeiras racionais.
Como a personalidade influencia os gastos e o investimento
A personalidade de uma pessoa desempenha um papel na forma como lida com o dinheiro, influenciando seus padrões de gastos e decisões de investimento. Por exemplo, indivíduos com sentido de responsabilidade podem respeitar um orçamento e controlar de perto as suas despesas. Por outro lado, aqueles que são mais espontâneos ou impulsivos podem achar difícil conter gastos excessivos e poupar dinheiro. Esses traços de personalidade também impactam as preferências de investimento; alguém que prefere segurança e estabilidade pode optar por investimentos de baixo risco, enquanto um indivíduo ousado pode optar por oportunidades de alto risco, com retornos mais elevados.
Certas características de uma pessoa podem afetar o quão bem ela planeja e atinge seus objetivos de longo prazo. Indivíduos que são naturalmente estruturados e com visão de futuro podem ter dificuldade em estabelecer e cumprir metas, como economizar para a aposentadoria ou comprar uma casa. Por outro lado, os indivíduos que se concentram mais no momento podem encontrar desafios no planejamento de longo prazo. Poderá enfrentar dificuldades na preparação para futuras necessidades financeiras. Reconhecer o impacto da personalidade nos hábitos pode capacitar os indivíduos a fazer escolhas financeiras informadas e intencionais que ressoem com suas aspirações e princípios individuais.
Os cinco grandes traços de personalidade
Os cinco principais traços de personalidade. Abertura, Consciência, Extroversão, Amabilidade e Neuroticismo. Ofereça insights sobre como uma pessoa se comporta, incluindo como ela faz escolhas, sobre dinheiro. Como um exemplo;
- Pessoas que demonstram um certo nível de consciência tendem a se destacar em economizar dinheiro e estão mais inclinadas a planejar cuidadosamente suas finanças.
- Abertura: Aqueles que apresentam uma pontuação elevada em abertura podem apresentar uma maior propensão para investir em novos produtos ou mercados financeiros.
- Extroversão: Indivíduos extrovertidos podem estar inclinados a fazer compras mais impulsivas e podem preferir investimentos que possam gerar retornos rápidos.
- Amabilidade: Pessoas mais agradáveis podem priorizar investimentos éticos e podem ser menos agressivas em situações de negociação.
- Neuroticismo: Pessoas altamente neuróticas tendem a ser mais avessas ao risco, levando potencialmente a uma carteira de investimentos mais conservadora.
A personalidade não apenas influencia os tipos de decisões financeiras que alguém está inclinado a tomar, mas também afeta a forma como percebe e gerencia o risco financeiro.
Tolerância ao risco e tipos de personalidade
A tolerância ao risco refere-se ao grau de variabilidade nos retornos do investimento que um investidor está disposto a suportar. Os tipos de personalidade têm uma influência significativa na tolerância ao risco de um indivíduo:
- Tolerância a Alto Risco: Aqueles com uma personalidade mais aventureira podem ter maior tolerância ao risco, demonstrando disposição para fazer investimentos mais arriscados em troca de potenciais retornos mais elevados.
- Tolerância ao Baixo Risco: Por outro lado, indivíduos mais propensos à ansiedade ou neuróticos geralmente apresentam menor tolerância ao risco, optando por investimentos mais seguros e protegidos.
Compreender o tipo de personalidade de uma pessoa pode ser fundamental para adaptar uma estratégia de investimento que se alinhe com a sua tolerância ao risco, levando a melhores resultados e satisfação financeira.
Processos de tomada de decisões financeiras
As escolhas financeiras são influenciadas por fatores emocionais que impactam a forma como as pessoas avaliam os riscos, tomam decisões e administram seu dinheiro. Vieses cognitivos, como ancoragem e aversão à perda, podem levar a escolhas não ideais. Por exemplo, alguém pode fixar-se num preço ao comprar ou vender um ativo, ignorando aspectos importantes do mercado. Da mesma forma, o medo de perdas pode impedir alguém de vender um investimento perdedor na esperança de que este se recupere no futuro, resultando potencialmente em perdas.
Elementos emocionais como o medo e o desejo de ganho podem desencadear decisões como vender em pânico durante quedas do mercado ou perseguir retornos durante frenesim especulativo. Influências externas, como as opiniões de amigos, familiares ou meios de comunicação, podem influenciar as decisões de um indivíduo, por vezes indo contra os seus interesses. Estar ciente desses fatores emocionais pode ajudar os indivíduos a fazer escolhas financeiras lógicas e bem informadas que correspondam aos seus objetivos de longo prazo e à tolerância ao risco.
O papel da heurística
No domínio das finanças pessoais, as heurísticas servem como atalhos mentais que os indivíduos utilizam para tomar decisões rápidas, embora nem sempre precisas. Duas heurísticas comuns em contextos financeiros são:
- Heurística de Disponibilidade: Isto envolve a tomada de decisões com base em informações prontamente disponíveis ou experiências recentes. Por exemplo, se uma pessoa ouvir falar de uma história de sucesso no mercado de ações, poderá superestimar suas próprias chances de sucesso no investimento.
- Heurística de Representatividade: aqui, as decisões são tomadas com base no quanto um cenário se assemelha ou é representativo de um estereótipo existente. Por exemplo, pode-se presumir que um consultor financeiro bem vestido é mais confiável, independentemente de suas credenciais reais.
Contabilidade Mental em Finanças Pessoais
Contabilidade mental é um conceito em finanças comportamentais onde as pessoas categorizam os fundos de forma diferente e, portanto, podem se comportar de forma irracional. Os pontos principais incluem:
- Negligência de fungibilidade: Os indivíduos muitas vezes tratam o dinheiro como tendo valores diferentes dependendo da sua fonte ou uso pretendido. Por exemplo, pode-se tratar um presente de aniversário de US$ 100 como “dinheiro virtual”, enquanto considerar US$ 100 de seu contracheque como essenciais para as contas.
- Segregação Orçamentária: As pessoas tendem a criar e gerenciar orçamentos em contas mentais separadas. Podem ter um orçamento rigoroso para mercearias, mas gastar livremente em jantares fora, sem considerar o impacto agregado nas suas finanças.
Implicações e aplicação em finanças pessoais
No domínio das finanças, a mente humana desempenha um papel na definição da forma como as pessoas traçam estratégias e decidem sobre questões financeiras. Os preconceitos mentais, como o excesso de confiança, podem levar os indivíduos a optar por opções de investimento, enquanto a relutância em aceitar perdas pode fazer com que se apeguem durante muito tempo a investimentos falidos. Emoções como medo e ansiedade podem desencadear ações, como a venda de ativos durante crises de mercado. Esses aspectos psicológicos geralmente levam a decisões ideais que impactam o bem-estar financeiro imediato e de longo prazo.
Compreender e reconhecer esses fatores pode capacitar os indivíduos a fazerem escolhas quando se trata de finanças. Ao reconhecer preconceitos e gatilhos emocionais, os indivíduos podem tomar medidas para diminuir a sua influência, tais como estabelecer objectivos financeiros claros e desenvolver estratégias para orientação na tomada de decisões. Práticas como a orçamentação, os mecanismos automáticos de poupança e as abordagens de investimento diversificadas podem ajudar a mitigar os efeitos dos factores, ao mesmo tempo que promovem a prosperidade financeira duradoura. Através da consciência destas influências, os indivíduos podem esforçar-se por uma gestão lógica das finanças pessoais.
Planejamento Financeiro e Influências Psicológicas
Vieses Cognitivos: Os indivíduos muitas vezes são vítimas de preconceitos cognitivos – formas sistemáticas de pensar que se desviam da racionalidade. Por exemplo, excesso de confiança pode levar a investimentos mais arriscados, enquanto aversão à perdauma tendência de preferir evitar perdas em vez de adquirir ganhos equivalentes, pode tornar alguém excessivamente conservador nos seus investimentos.
- Heurística: As pessoas usam atalhos mentais, ou heurísticas, para simplificar decisões financeiras complexas. Embora úteis, essas heurísticas às vezes podem levar a erros.
Fatores Emocionais: As emoções podem afetar dramaticamente o planejamento financeiro. Por exemplo, o stress pode causar decisões míopes, enquanto a euforia resultante dos máximos do mercado pode resultar num optimismo indevido.
- Estresse: O stress financeiro pode levar a decisões que dão prioridade ao alívio imediato em detrimento dos benefícios a longo prazo.
Melhorando as decisões financeiras por meio da conscientização
Recursos educacionais: Aumentar a literacia financeira pode mitigar o impacto dos factores psicológicos na tomada de decisões.
- Aprender sobre tópicos como juros compostos, diversificação e desempenho histórico dos mercados capacita os indivíduos a fazerem escolhas financeiras mais sólidas.
Práticas de atenção plena: A atenção plena pode ajudar os indivíduos a reconhecer seus preconceitos emocionais e cognitivos ao tomarem decisões financeiras.
- Incorporar a atenção plena e a reflexão no planejamento financeiro pode levar a decisões mais deliberadas e menos impulsivas.